O automobilista que embateu num javali no Itinerário Complementar 1, entre Grândola e Alcácer de Sal, escapou ileso, mas viu como a frontaria da carrinha ficou parcialmente destruída. As autoridades garantem ter sido apenas mais um acidente a juntar às várias colisões que recentemente têm ocorrido entre automóveis e aquela espécie de suíno selvagem, que prolifera em algumas zonas do Litoral Alentejano.
“Já era noite cerrada e só vi um vulto atravessar-se à minha frente, nem ia depressa e não tive tempo de fazer nada”, relata ao “Diário do Sul” Amércio Vaz Pinto, o automobilista que ainda consultou as autoridades, ficando a saber que por se tratar de um animal selvagem não terá direito a qualquer indemnização, até porque tem apenas seguro contra terceiros.
“Já fico satisfeito de não me ter acontecido nada, porque aquilo era um monstro e apanhei um enorme susto. Chamei o reboque, que me avisou logo que não teria onde me agarrar e fui para casa”, admite resignado.
É precisamente este o sentimento transversal às restante vítimas dos javalis, entre os 80 e os cem quilos, que durante a noite decidem atravessar as estradas da região. Há relatos da Brigada de Trânsito (BT), segundo os quais, algumas viaturas ficaram condenadas à sucata após embater nos animais, já que além da chapa amolgada, deixaram mesmo de circular.
Só os proprietários com seguro de danos próprios (cobertura contra todos os riscos) têm direito a indemnização. “Os restantes ficam com o prejuízo, porque, como o animal é selvagem, não há responsáveis pelos estragos, sendo considerado como uma causa natural”, segundo explica uma fonte da BT, admitindo, por essa via, que a maioria dos acidentes deste género nem sejam comunicados às autoridades. Isto apesar de já terem existido acidentes dos quais resultaram pessoas feridas, algumas com gravidade.
O fenómeno não é recente, embora se tenha agravado nos últimos anos, como explica o veterinário Luís Miguel Lopes, alegando que o facto de praticamente todo o Alentejo estar coberto por reservas de caça, limitando o abate de javalis "a algumas montarias, que são caras e não dão para todos", deixa uma grande margem à multiplicação daquela espécie.
"Hoje há muitos mais javalis do que havia há, por exemplo, dez anos", assegura, acrescentando ainda que os javalis estão a fugir para as zonas de regadio, depois dos fogos e das secas que marcaram os últimos anos. "Estão a procurar os vales do Sado e do Tejo, quando dantes andavam mais pela zona da raia. O problema é que aqui há mais estradas", sublinha, justificando tratar-se de uma espécie que "percorre dezenas" de quilómetros à procura de comida e água, passando por todo o lado e comendo de quase tudo, sem predador.
Os historiadores falam de um animal muito antigo, que era desenhado pelos homens das cavernas, não só pelo sabor suculento que a sua carne oferecia, tornando-o um dos principais alvos na Idade Média, mas também porque representava agressividade, bravura e rapidez. Pode não parecer, levando em conta os mais de cem quilos de peso, mas este animal atinge velocidades loucas, correndo tendencialmente em linha recta, e caracteriza-se por ser um exímio nadador, o que lhe permite cruzar ribeiros à procura de comida – raramente está no mesmo território - utilizando a força do focinho para derrubar cercas e até levantar pedras cravadas no solo.
Fonte: "Diário do Sul"
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